sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre Barragens e Aluguéis...


Eu vinha me resguardando, na verdade eu vinha me acumulando de informações, leituras e depoimentos para poder escrever qualquer coisa a respeito de Belo Monte.
Estou morando em Altamira desde julho de 2010, quando chegamos por aqui já existia toda essa muvuca-pré-pró-barragem. Aliás, essa questão vem de longas datas... Vem desde o início da década de 70, com a tal “Integração Nacional”, a construção da Rodovia Transamazônica (BR 230) vem daí, se já não de antes, as agressões a esta região.
Então, comecei a perguntar: Não tem plano para desenvolver protegendo e respeitando?

Lá por 1970, o Presidente Médici  começou tudo (abriu as obras de construção da Transamazônica) derrubou uma castanheira que ainda está lá até hoje, quer dizer o tronco ainda está lá, e foi aplaudido pela comitiva. Ouvi dizer que tinha uma placa que foi roubada, onde estava escrito: "Arrancada histórica para a conquista deste gigantesco mundo verde". Transamazônica e os outros projetos servem ao grande capital, não tem muito respeito a outras questões.
Entretanto, os senhores fardados, ainda planejavam resolver a questão fundiária, e lá veio o povo do nordeste (região tão castigada quanto esta) e de outras regiões do país. Os assentamentos ainda estão aqui, mas não tem infra estrutura, estradas, escolas, postos de saúde. Por conta disso, os assentados vendem seus lotes ou vendem madeira para os madeireiros que batem em suas portas, prometendo concertar as estradas, pontes e assim facilitar o escoamento da produção e o acesso a tantas outras necessidades. Ou seja, não deu muito certo o plano dos senhores fardados.
Logo que a Transamazônica foi inaugurada já se tinha planos de saber o potencial hidroelétrico do Xingu. Que no início era de, pasmem, cinco hidrelétricas. Onde foram usados nomes indígenas para, penso eu, limpar a barra com os indígenas. Lembram do encontro da Tuíra com o engenheiro? 

Passou algum tempo e daí veio o Lula, que na campanha tinha um discurso anti-barragem... Mero engano. E veio tudo de novo, dessa vez dicum força! Belo Monte é prioridade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
E tiveram tantos outros acontecimentos, outros encontros de indígenas com engenheiros, muitas outras opiniões contra e a favor, licenças, manifestações...
De quem é o verdadeiro interesse nessa mega construção?
A quem vai de fato servir a energia gerada?
Quem vai pagar a conta?
E as áreas alagadas?
E a diminuição da vazão do Rio Xingu?
E a falta de infra estrutura da cidade de Altamira para receber tanta gente?
E os aluguéis subindo 200%?
E o trânsito louco da cidade, desde agora do anuncio da liberação da obra?
E como vou dirigir se tenho medo de trânsito louco?
E o aumento no custo de vida?
Quem é rico, vai ficar mais rico.
Quem é pobre, vai ficar mais pobre.
Eu, agora, só digo uma coisa: É muito doido estar aqui neste momento, vivenciando tudo isso de perto.

Não se trata de "aí você é contra o progresso da região? Você nem é daqui!"
Não se trata de "aí é só mais uma eco-chata!"
Não se trata de "você só se preocupa com seu próprio umbigo!"
A questão não é ser contra por ser contra.

Me dá aflição...

Em breve cena dos próximos capítulos...
Texto originalmente publicado no Blog Colorida... mente... 

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