O produtor Francisco Costa, de Afuá, no Marajó, é o primeiro do
município a criar oficialmente uma marca para produtos da agricultura familiar:
desde o começo do ano, os óleos de pracaxi e andiroba e mais o mel de abelha
uruçu extraídos na Ilha do Pará respondem pelo signo comercial de Costa Norte –
Extrativismo da Amazônia.
O registro foi feito a princípio na Junta Comercial do estado do Amapá,
já que a Ilha onde o agricultor reside é muito mais próxima de Macapá do que da
sede de Afuá (duas horas de percurso fluvial, em comparação a oito horas).
Todo o processo teve o apoio do escritório local da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), que pretende
orientar, a partir de agora, a inscrição dos produtos na Junta Comercial do
Pará e no Sistema de Inspeção Federal (SIF), regido pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Com o SIF, será possível a
comercialização legalizada até em nível de exportação.
“O esforço da Emater é no sentido de ajudar a profissionalizar ao máximo
a cadeia produtiva, facilitando para o agricultor a gestão do
empreendimento - e, por conseguinte, um
retorno financeiro justo. Além disso, com uma marca estabelecida, conseguimos
divulgar melhor a cultura amazônica e seus diferenciais de compra e venda”, diz
o chefe do escritório local da Emater, o engenheiro agrônomo Alfredo Rosas.
Óleos
Atendido pela Emater desde 2009, Francisco Costa recebeu, no ano
seguinte, R$ 95 mil pela linha Mais Alimentos do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os recursos foram aplicados na
compra de um extrator de sementes para extração de óleo e de um catraio
(espécie de bote de madeira com motor), com capacidade para transporte de até
uma tonelada, entre outros equipamentos. Também foram feitos investimentos nos
sistemas da meliponicultura, no manejo de açaizais e na criação de porcos.
Os óleos de andiroba e pracaxi vêm de árvores nativas, manejadas junto
com os açaizeiros, em uma área de nove hectares. Os produtos, que têm
propriedades cosméticas e medicinais, apresentam alto grau de pureza, de acordo
com avaliações da Emater.
“Um fato importante observado nessa unidade familiar é que as abelhas
sem ferrão, além de gerar renda por conta do mel produzido, são polinizadoras
das flores do açaizeiro, o que qualifica a formação de frutos e aumenta a
produtividade. A vantagem de uma propriedade com diversificação de atividades é
a harmonia e a simbiose entre todos os trabalhos”, explica Rosas.
Fotos: Acervo da Emater