quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Compartilhando Sentimentos

Por Simone Silva - Zootecnista/Téc. Aquicultura e Pesca EMATER-PARÁ

Sou funcionária de uma empresa pública (ah, vocês sabem qual é), ou seja, sou funcionária pública. E a minha vida profissional começou junto com o atual governo.

Como boa otimista que sou, só esperei o melhor deste governo, e pra completar eu era menina-nova-recém-concursada. Calcula a empolgação...

Tudo era novidade. Agora (digo início de janeiro de 2006) eu tinha salário, tinha compromissos profissionais, atividades a desenvolver. Tinha saído direto da Universidade pra dar conta de tudo isso. Eram novas informações, novas responsabilidades, novas pessoas, colegas de trabalho (bons amigos conquistados de lá pra cá), agricultores me fazendo perguntas, colegas de trabalho me fazendo perguntas... Tudo isso e a distância de casa, misturada com a insegurança e a certeza que tudo, sim, daria certo. E lá se vão 4 anos.

Programações foram feitas, expectativas (minhas e dos agricultores) foram criadas. Algumas coisas aconteceram, outras não, outras talvez tenham sido esquecidas, outras talvez tenham mudado de nome, de objetivo, de prioridade...

Aprendi muitas várias lições ao longo destes anos, aprendi a respeitar os saberes dos agricultores, a usar o GPS, as metodologias participativas, participei de reuniões loooongas... Acredito que o governo atual também aprendeu muito.

Mas e agora? Será que começa tudo de novo? Novos planejamentos, novas formas de realizar estes planejamentos, novas reuniões, tudo de novo?

Agora já não sou menina-nova-recém-concursada. Sou quase-casada-graduada-com-4-anos-de-empresa, o que talvez nem queira dizer muita coisa. Mas, eis aqui uma grande dúvida... Perguntei como se dá essa questão de transição de governo. Tive muitas respostas animadoras, pessimistas, mas a melhor foi: “Só o tempo vai dizer...”.

E lendo Caporal & Ramos,um texto chamado "Da extensão rural convencional à extensão rural para o desenvolvimento sustentável: enfrentar desafios para romper a inércia" que diz o seguinte:

“A forma presidencialista, que é a que predomina, em empresas públicas, em institutos, em autarquias, etc, determina uma concentração de poder decisório e um viés político ideológico a ser seguido pela gestão. Não importa se o presidente é de direita ou de esquerda, o presidencialismo acaba desempenhando um papel direcionador do “que fazer” da entidade e de seus agentes. Normas e regras instituídas sem que membros da organização tenham participado de sua formulação também são grandes obstáculos à mudança. Nesse sentido, “o bom extensionista” nem sempre é aquele cujo trabalho é apreciado pelos agricultores com quem atua; às vezes é aquele que responde às demandas da hierarquia instituída na organização. Aquele que faz e manda os relatórios em dia, que está sempre atento ao que determinou seu superior é classificado como “bom profissional”. Isso acaba levando à busca do pragmatismo na ação ou de resultados a qualquer custo.”

Fiquei ainda mais curiosa e ansiosa. E sim, como sempre, otimista.

Penso que, independente de cor, de posicionamento, o que eu quero mesmo é desenvolver minhas atividades (caso sejam dadas as condições, eis aqui uma grande questão) da melhor forma.

Associações, sindicatos, grupos, partidos políticos são necessários para nossa organização como trabalhadores. E, acima de tudo, é necessário também acreditarmos de fato nestas organizações. É vestir a camisa de verdade, defender os ideais, participar para construir, vivenciar, lutar por melhores condições de trabalho, salários justos e tudo mais. Sem falso moralismo, sem “querer se dar bem”. E isso não quer dizer necessariamente estar ligado a cores... Ou está?

Como não tenho bola de cristal, não sei prever o futuro... Não sei ao certo o que vai acontecer.

Sei é que sempre quis ser Extensionista Rural, mesmo sem saber o que era de fato, eu queria trabalhar com agricultores, sair pra campo de manhãzinha (mesmo tendo dificuldade em acordar cedo), sentir aquele cheiro bom de rio, de chuva  ou de terra.

E como é de praxe (com a chegada do final do ano) fica aqui o desejo de prosperidade e boas festas hohohoho...

Talvez isso soe como infantil ou utópico, talvez eu não saiba o que estou dizendo, mas como diz aquele personagem do filme: “Num sei, só sei que foi assim...”

Saudações Extensionistas,

Simone de Jesus Barros da Silva
Zootecnista, Técnica em Aquicultura
Extensionista Rural II
Médio Xingu - Pará - Brasil

Um comentário:

  1. Simone,
    Tua sensibilidade e verdade são as marcas da pessoa comprometida com a causa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.
    Parabéns pelo texto!!!!
    Alcir Borges

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