sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Agricultores de Santa Izabel assinam Pronaf Floresta

Dezoito famílias de duas comunidades ribeirinhas (Cacoal e Flexal) de Santa Izabel do Pará, na região metropolitana de Belém, foram os primeiros agricultores do nordeste paraense a assinar contrato da modalidade Agrofloresta do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), por meio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) e da agência Icoaraci do Banco da Amazônia (Basa).

A efetivação do financiamento - que varia de R$ 2 mil a R$ 13 mil reais para cada família, com valor total de mais de R$ 160 mil - se deu dia 21 de junho, na sede comunitária do Cacoal. Os agricultores dali vivem principalmente do extrativismo de açaí de várzea, mas antes sem beneficiamento, nem manejo. Desde janeiro deste ano, o projeto técnico da emater vem introduzindo um sistema agroflorestal nas propriedades, em que os cerca de 50 mil pés de açaí se consorciam com taperebá, cacau e andiroba.
A idéia é diversificar a produção e preservar ambientalmente a área às margens do rio Guamá, a qual é da Marinha e os produtores ocupam via um termo de concessão de uso pela União.
"O sistema agroflorestal permite uma exploração extrativista ecologicamente sustentável, em áreas que já apresentam cobertura florestal diversificada, associada ao plantio de várias espécies florestais nativas do bioma", explica o engenheiro agrônomo Cícero Sobrinho, chefe do escritório local da Emater.
Além de poderem ser aproveitados na alimentação das próprias famílias, o cacau e o taperebá têm uma boa perspectiva de mercado, devendo compensar a renda na época da entressafra do açaí (que dura seis meses). A andiroba, por sua vez, já tem aplicação medicinal entre os produtores e, dada a sua grande quantidade nativa na região, agora pode ter o óleo comercializado de modo mais organizado e rentável.
A Emater tem capacitado continuamente as famílias. Um novo treinamento se iniciará nesta segunda-feira (5), sobre manejo do sistema (com orientações quanto a espaçamento correto, rareamento de espécies, número ideal de plantas, entre outras informações).
"Também pensamos na instalação de uma agroindústria para o processamento do açaí, em parceria com o programa de incubadoras da Ufra [Universidade Federal Rural da Amazônia]. Como o açaí é a atividade mais forte dessas comunidades, vender o produto beneficiado pode aumentar o lucro em mais de 100%", diz Cícero Sobrinho.
Mais 40 famílias das duas comunidades e de uma vizinha, Jundiaí, também deverão assinar o Agrofloresta no segundo semestre.
Segundo o gerente da agência Icoaraci do Basa, Edson Tomé, "os projetos são de prospecção de novos negócios. Com a parceria da Emater, desenvolvendo projetos seguros e sustentáveis, acreditamos que não haverá inadimplência. Nosso compromisso é ajudar o agricultor familiar a ter capital para seus empreendimentos", conclui.

Texto: Aline Miranda
Foto: Acervo da Emater de Santa Izabel

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