quinta-feira, 14 de abril de 2011

EMATER-PARÁ orienta sobre o uso sustentável de matéria prima

 
O engenheiro florestal Márcio Nagaishi, do Núcleo de Metodologia e Comunicação (NMC) da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), proferiu, na sexta-feira, 18, a dezenas de artesãos, uma palestra sobre o uso sustentável de matéria prima orgânica (de origem animal e vegetal) na confecção de artesanato. A capacitação aconteceu no Espaço São José Liberto, em Belém.

Segundo Nagaishi, é falaciosa a ideia de que o artesanato amazônico seja sempre inofensivo em termos ambientais: "A apropriação das melhores sementes, o corte inadequado de toras e folhagens e até a derrubada de árvores são algumas atividades precedentes do artesanato em si que, a médio e longo prazos, podem repercutir muito negativamente no ecossistema, provocando até o esgotamento da matéria-prima", explica.

Observações científicas, diz, indicam que mesmo a tese da "preservação para as futuras gerações" é limitada quando se considera que algumas espécies animais e vegetais, sob intervenção predatória, podem desaparecer do ambiente de determinada comunidade, ou reduzir em nível drástico o seu potencial produtivo, em um tempo curto - depois de cinco a dez anos de exploração inadequada. Ele cita como um exemplo de risco ambiental a poda indiscriminada de buritizeiros para o acesso à palmeira do miriti, um clássico do artesanato paraense.

"A convicção não é deixar de acionar a natureza para produzir, até porque as ações válidas são aquelas não apenas ambientalmente sustentáveis, mas também economicamente viáveis e socialmente justas; ou seja: as comunidades rurais precisam da natureza para sobreviver, inclusive no que tange à confecção de artesanato, do mesmo jeito que os recursos naturais precisam sobreviver, nenhuma floresta ou rio são automaticamente eternos. Tal ciclo é mútuo, de interdependência", afirma.

Essa iniciativa cautelosa, de acordo com ele, garantirá a manutenção do patrimônio ambiental e cultural: " O que a Emater defende é que essa interação homem-ambiente aconteça de modo planejado, com manejo, reflorestamento e educação ambiental, entre outros cuidados, para que se protejam os recursos e a renda e o trabalho das famílias, pelo artesanato que advém do aproveitamento dos recursos", detalha.

Mencionando o marco regulatório do setor, como a Política Estadual de Desenvolvimento do Extrativismo no Pará e o Plano Nacional de Sociobiodiversidade, Nagaishi apontou exemplos bem-sucedidos de projetos em que a Emater conseguiu aliar preservação ambiental e manutenção de atividades artesanais, como um diagnóstico da extração da taboca para confecção de espetinhos de madeira em Santo Antônio do Tauá, no nordeste do estado.

A Emater atende hoje a centenas de grupos de artesãos em todo o Pará, que trabalham a partir de extrativismo ou de aproveitamento de resíduos agrícolas (madeira, sementes, folhas, escamas de peixe, resinas botânicas, conchas etc). Para a socióloga Maria Benedita Barros, do escritório regional da Emater nas Ilhas, "a atividade artesanal propicia resgate cultural e é considerada uma ótima fonte de renda sobretudo para as mulheres e jovens rurais, que muitas vezes não têm outro meio de autonomia financeira ou de auto-estima profissional".
Além disso, ela reforça que, embora na maior parte dos casos o labor artesanal tenha um caráter até de reciclagem, é fundamental ajudar os artesãos a terem "informação": "O caminho que a Emater estimula é sempre o da sustentabilidade - e, para compreender os sustentáculos científicos desse processo, o artesão precisa ter informação; eis um dos nossos papéis de extensão rural", esclarece Benedita, que coordena um projeto que beneficia mais de 100 artesãos do município de Marituba.

Aline Miranda – EMATER-PARÁ
FONTE: (texto publicado na Agência Pará)

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