Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A despeito do avanço
tecnológico festejado pelo mercado e por parte da comunidade científica, os
produtos transgênicos para consumo humano são vistos com ressalvas por
ambientalistas e por ativistas da segurança alimentar. A avaliação é a de que
não se conhecem todos os riscos e de que, na dúvida, deveria prevalecer o
“princípio da precaução”.
“A gente não é contra os
transgênicos, mas contra a forma como estão sendo liberados: sem diagnósticos
complementares. Faltam estudos independentes”, aponta José Maria Ferraz,
ex-pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), membro
da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), e pesquisador do
Laboratório de Engenharia Ecológica da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp).
O site do Greenpeace, tradicional
adversário da tecnologia, acrescenta que “não existe consenso na comunidade
científica sobre a segurança dos transgênicos para a saúde humana e o meio
ambiente”. Segundo a ONG, “testes de médio e longo prazo, em cobaias e em seres
humanos, não são feitos, e geralmente são repudiados pelas empresas de
transgênicos”.
Apesar das críticas, o Greenpeace
abandonou a campanha contra os transgênicos. “A gente não tem perna para
resolver tudo que é guerra na arena ambiental”, disse à Agência Brasil o
ex-coordenador da campanha, Iran Magno, que não deixou a reportagem gravar a
entrevista. Magno teme que o uso de sementes na lavoura possa gerar o
desenvolvimento de “superervas” que exijam mais agrotóxico, e que o insumo
possa fazer mal à saúde humana e ao meio ambiente.
Esse ponto é ressaltado também
por Gabriel Bianconi Fernandes, da organização não governamental (ONG)
especializada em segurança alimentar AS-PTA – Agricultura Familiar e
Agroecologia. Segundo ele, já há, por exemplo, oito espécies de plantas
daninhas resistentes ao glifosato (ingrediente ativo de herbicida usado em
lavouras de um tipo de soja geneticamente modificada).
O presidente da Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edilson Paiva, garante que as sementes
transgênicas são “tão seguras quanto a versão convencional” e que a aprovação
na comissão, conforme previsto em lei, é extremamente rigorosa e analisa “caso
a caso”. “Aprovar um OGM [organismo geneticamente modificado] é extremamente
difícil e extremamente caro por causa de tantas exigências que são feitas.”
Ele lembra que o processo de
liberação não é imediato e pode levar 12 anos. “Para começar a trabalhar com
engenharia genética, tem que ter um certificado de qualidade e biossegurança da
CTNBio. Isso no começo da pesquisa em condições de contenção, laboratório ou
casa de vegetação. Depois vai ter que ter a liberação planejada no meio
ambiente”. A autorização comercial só ocorre depois da avaliação dessas fases.
O coordenador admite que “existem
controvérsias” sobre os transgênicos, mas argumenta que “há aqueles que querem
viver sob risco zero, segurança absoluta e fomentam o medo e a incerteza. Isso
faz parte da democracia. O tempo é o melhor juízo para dizer se a coisa é certa
ou não”.
Edição: Lílian Beraldo
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