Uma equipe do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) chegou a Belém nesse domingo (28) para participar de um intercâmbio pioneiro na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-Pará). Os doze extensionistas amazonenses (engenheiros agrônomos, técnicos agropecuários, técnicos agrícolas, engenheiro de pesca e assistente social) conhecerão, até 3 de setembro, a trajetória institucional da Emater-Pará e alguns projetos rurais da Empresa no nordeste do Pará, como o cultivo de laranja orgânica em Capitão-Poço e a criação de abelhas em São Miguel do Guamá.
“A idéia é integrar, unir e fortalecer a identidade coletiva dos órgãos oficiais de extensão na Amazônia, que é uma região atípica quanto ao resto do Brasil”, resumiu a presidente da Emater-Pará, Cleide Amorim, em cerimônia de recepção aos intercambistas na manhã desta segunda-feira (29), no escritório central, em Marituba. Para ela, Idam e Emater-Pará atuam sob situações assemelhadas no que se refere a desafios agroecológicos, localização longínqua de algumas comunidades e profundas particularidades culturais de beneficiários, como ribeirinhos e indígenas.
O intercâmbio é uma das metas de um convênio assinado entre Idam e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com vigência até o fim deste ano. No total, essa parceria específica com o MDA abriga quatro excursões. “Nossa proposta é apresentar ao extensionista do Amazonas os modelos de trabalho que as Emateres desenvolvem de acordo com suas problemáticas e o perfil do agricultor familiar de cada lugar. É uma forma de capacitação, mas também uma oportunidade de convívio diferenciado e de conhecimento de soluções alternativas. Tal contato enriquece o processo do próprio Idam de aperfeiçoar nosso sistema de extensão”, explica a gerente de convênios, contratos e acordos de cooperação técnica do Idam, engenheira agrônoma Eda Maria Oliva.
O técnico em agropecuária do Idam Tadeu Pacheco, por exemplo, trabalha no município de São Gabriel da Cachoeira, na dita “cabeça do cachorro”, nas fronteiras da Colômbia e Venezuela: “99% dos agricultores familiares a que atendemos são indígenas. Nossa principal barreira é a comunicação: as referências culturais são totalmente outras”. Segundo ele, é necessária, para o extensionista, a capacidade de trabalhar oferecendo conhecimento, mas valorizando sobretudo os saberes locais, “já que a verdade toda está na troca, na interação”, diz.
A assistente social do Idam Leonilda Supi, que trabalha em Autazes, a 110km de Manaus, conta que algumas batalhas, como a reconhecimento das mulheres campesinas e a aposentadoria remunerada do trabalhador rural, são recorrentes em qualquer lugar, “mas na Amazônia assumem o aspecto da distância, dos conflitos agrários, da informação precária, entre outros”. De acordo com ela, “chegar ao Pará é reconhecer a riqueza e o desafio que também vivemos no Amazonas”, acredita.
No sábado (3), último dia de presença no Pará, o grupo visitará ainda pontos turísticos da capital, como o Ver-o-Peso e o Mangal das Garças.
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