sexta-feira, 18 de junho de 2010

Parte de projeto apoiado pela UE, Seminário sobre alimentação capacita mulheres

Figurando como primeira ação do projeto Mulheres do Campo, que foi contemplado por um edital nacional para receber recursos da União Européia (UE), o Seminário "Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional", acontecendo desde quarta (17) até sábado (18) no município de Santa Maria do Pará, tem parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Técnicos da Empresa estão ministrando palestras sobre temas como "manipulação de alimentos sob exigências sanitárias" e "assistência técnica" aos setenta participantes.
O início do Seminário coincidiu com o lançamento do Projeto, cuja cerimônia reuniu 250 mulheres do nordeste paraense e cujas concepção e execução envolvem o Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense (Mmnepa), em parceria com uma ong internacional, Pão para o Mundo, e duas nacionais,  a Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (Appac) e o Grupo de Assessoria em Agroecologia na Amazônia (Gtna).
 O Projeto Mulheres do Campo tem duração de três anos e irá receber R$ 2 milhões e 700 mil reais da UE para capacitar e conscientizar cerca de 1 mil e 400 mulheres de 19 municípios do nordeste paraense, acerca de políticas e práticas de segurança alimentar.
"Mais recursos permitem a ampliação e o fortalecimento de um trabalho que o Mmnepa vem realizando faz tempo, com o apoio de outras entidades, como a Emater. É um trabalho de resgate cultural, de comprovação de importância da mulher no campo e de fomento às políticas de saúde e educação", declara Francisca Nascimento, coordenadora do Mmnepa.
A programação do Seminário é voltada para mulheres trabalhadoras rurais e tem foco na explanação dos programas federais PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), pelos quais agricultores familiares podem vender sua produção ao sistema público.
"O Seminário é mais uma oportunidade para que alcancemos a proposta do Projeto, que é democratizar o processo de informação e ajudar a educar para o aproveitamento de alimentos, para a qualidade nutricional, para a atenção à saúde da mulher rural, entre outras questões. Hoje, infelizmente, ainda deparamos com o absurdo de uma mulher trabalhadora rural preferir consumir suco industrializado, pelo qual ela ainda paga caro, a um suco natural de frutas; ou comprar frango de granja, que bem sabemos o quanto de hormônio carrega, a criar galinha caipira; até as crianças comem salgadinho de pacote no recreio, em vez de produtos naturais e saudáveis", explica a psicóloga Rita Teixeira, responsável do Mmnepa no Projeto.
Segundo ela, motivos como a desinformação e a comodidade prejudicam os hábitos das famílias rurais e provocam doenças graves, principalmente do trato estomacal e intestinal. A solução seria valorizar ao máximo os produtos da agricultura familiar, "começando por dentro das casas dos próprios agricultores", diz. O uso dos quintais domésticos também é uma alternativa nesse sentido, reforça - com o espaço servindo para o cultivo de hortaliças e de plantas medicinais, bem como para a criação de pequenos animais.
O apoio dos especialistas da Emater - pertencentes aos escritórios central e regionais de São Miguel do Guamá e Capanema - se dá por meio de um Termo de Cooperação Técnica assinado entre a Empresa e o Mmnepa, em 2008.
Por intermédio da Emater, inclusive, grupos de mulheres do nordeste paraense já assinaram contrato dentro do PAA ou Pnae. Alguns dos exemplos são uma associação de criadoras de galinha caipira do assentamento Águia, em Ulianópolis, e outra de produtoras de mandioca em Irituia.
"A Emater há muito já trabalha com a inclusão de gêneros, não só na prática dos projetos, mas também como objeto de política interna e de discussão. Acreditamos que capacitar a mulher rural é lhe dar voz e condições de iniciativa própria, e essa independência repercute positivamente em toda a comunidade em torno e em toda a sociedade contextual", afirma o sociólogo da Emater Alcir Borges.

Texto: Aline Miranda

Foto: Alcir Borges

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