quarta-feira, 12 de maio de 2010

Oficina forma mulheres de Ipixuna para vida social e política

Consagrando 2010 como o "ano feminino", o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Ipixuna do Pará, nordeste do estado, acaba de promover mais uma ação em benefício das mulheres rurais do município: 35 delas, identificadas como lideranças de oito comunidades, participaram, nos últimos 5 e 6 de maio, da I Oficina de Formação da Mulher Campesina.

Abordando temas políticos e sociais, o evento teve como objetivo "formar e informar, para que elas possam replicar o conhecimento dentro dos seus grupos, e em seu entorno", segundo a engenheira agrônoma e bióloga Lidiane Souza, chefe do escritório local da Emater.

"2010 como o 'ano feminino' não exclui os homens, obviamente. É muito mais um direcionamento de inclusão das mulheres, de inserção delas no conhecimento das políticas públicas. Queremos todos juntos, mulheres e homens, tendo iniciativa e autonomia. Hoje, infelizmente, muitas mulheres campesinas ainda não têm a mentalidade de independência, e nós consideramos que independência pode começar pelo sentido de trabalho e dinheiro próprios, mas se estende a outros campos: emocional, familiar, escolar, social etc", diz ela.

A Oficina ofereceu um ciclo de palestras e debates. Representantes da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadores na Agricultura Familiar do Pará (Fetagri-Pa) e Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense (Mnepa) conversaram com as participantes sobre a importância da mulher no movimento sindical e na candidatura e eleições políticas, bem como a necessidade das organizações sociais no processo de autonomização feminina.

Profissionais da Emater também encaminharam discussões. Lidiane Souza discorreu a respeito de temas como crédito rural (sobretudo a linha Mulher do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf) e credenciamento de grupos de mulheres no fornecimento de produtos para a merenda escolar (conforme a Lei Federal 11.947, que obriga que pelo menos 30 % da merenda escolar sejam de produtos da agricultura familiar) e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que trata de aquisição de alimentos, via editais públicos, para distribuição entre cidadãos sob insegurança alimentar, dentro da política nacional do Fome Zero.

Já o sociólogo Alcir Borges, do escritório regional de São Miguel do Guamá, expôs um histórico da trajetória da mulher na sociedade: desde os tempos em que ela figurava praticamente sem direitos civis até a ascensão do movimento feminista e a atualidade, quando as mulheres rurais já têm acesso a informações que lhes dêem autonomia e poder para lutarem por cada vez mais espaço.

"O grande desafio da mulher rural é se organizar. Eles estão digamos que agrupadas, mas não organizadas. Porque organização social de verdade faz com que as informações cheguem, com que as batalhas tenham respaldo do coletivo, com que cada uma tome consciência do gênero feminino como também protagonista da história da família, da comunidade, da sociedade e do mundo. Nesta pós-modernidade, as informações existem e estão facilitadas, mas falta um caminho funcional dessas informações até as mulheres campesinas. É isso que tentamos construir, junto com elas, por meio de capacitação continuada, entre outros apoios", explica ele.

Por ora, o número de Pronafs em nome de mulheres em Ipixuna não chega a 1%. Alguns projetos da Emater com mulheres à frente, porém, vêm se estruturando. Quinze produtoras de mel da Comunidade do Canaã, por exemplo, e doze que criam galinha caipira, das Comunidades do Bacabal e Aparecida, já estão negociando, por meio da Emater, o fornecimento de sua produção para que a Secretaria Municipal de Educação (Semed) utilize na merenda escolar.
Texto: Aline Miranda
FONTE: site EMATER-PARÁ

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